Eu (IL.LU – sábado 21.11.2014)
Eu
(IL.LU – sábado 21.11.2014)
Vejo a vida como uma linha infinita que nos permite caminhar por ela por um curto período de tempo. É como um misto a entre a vida e o tempo; o tempo e a vida. Há alguns anos acumulo perdas importantes começando pelo meu pai, dois anos depois minha mãe no mesmo ano morreram um primo de santos, o irmão de meu marido, um tio de Botucatu com a Gripe Suína, e em janeiro do ano seguinte minha materna.
Achei que era demais. Nesse meio tempo tivemos um carro roubado e um acidente que deu perda total. Diante das perdas humanas os dois carros não significaram nada. E a vida continua. Para mim é como uma noite muito escura que parece nunca clarear.
Mas a vida e o tempo continuam calmos serenos e tranquilos. Deixando que pessoas nasçam, cresçam façam suas mais variadas escolhas e se despeçam delas deixando suas lembranças boas ou más, pessoas chorando de saudades ou comemorando por ser um problema social a menos. Pessoas novas morrem, crianças morrem, idosos morrem... Não importa a idade e a forma como acontece, ninguém nasceu pra morrer e ninguém tem que dizer que Deus quis assim para se conformar com a desgraça.
Este mês no dia 12 perdi um primo Tiago, não tive muito contato com ele e nem sei qual foi a causa de sua morte, só sei que ainda era bem jovem... fiquei muito triste por perder mais um familiar. No dia 21 perdi a irmã Nalzira Borges que criou seus filhos no mesmo período que meus pais e com dificuldades econômicas semelhantes.
Houve um período da minha vida que via a membros de minha igreja realmente como uma extensão da minha família. Então aprendi, acredito que meus irmãos também, a vê-los como membros de família. Assim, o falecimento desta amada senhora, me pôs igualmente abatida. Duas perdas importantes me fizeram perceber que a mesquinharia que estou enfrentando aqui no prédio onde moro. Plagiando uma comédia "a vizinha do 24 e a vizinha do 43". Nada que essas pessoas queiram fazer para me prejudicar não vai se comparar com o que sinto quando perco uma pessoa querida.
Decidi construir em cima de minha garagem um espaço para organizar uma biblioteca familiar porque já não estavam cabendo a família, os móveis, as cachorras e os livros dentro de um apartamento popular. O município onde moro não tem um plano diretor para construção. Acredito que mais de 80% dos imóveis são construídos sem plantas.
Pra meu asar a vizinha do 24, virou a página do bom senso e resolveu que eu não poderia contruí-lo, por duas vezes veio conversar comigo como se filha sua eu fosse. Seu marido, muito educado, tentou me convencer a obedecê-la, "ela está nervosa". Este não foi o problema. Eu caí na besteira de falar que estava de licença-saúde por estresse (depressão), e nem por isso saio gritando na porta dos outros....
Sabe, não aceito ter que morrer um dia, mas não suporto pessoas que se julgam no direito de invadir a privacidade das pessoas usando palavras que nem sabem o que realmente significam. Bem não vou me delongar... Tenho minha biblioteca somente no sonho uma minúscula biblioteca embargada com apenas uma fiada de tijolos para terminar... e duas vizinhas curiosas para ver quando terei quebrar as pequeninas paredes.
Acho que Deus me permitirá vencer. Caso não aconteça... sempre tenho um plano “B”. Agora responda: Esta birrinha de mulher vale mais do que as pessoas maravilhosas que ainda existem?
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